domingo, 2 de março de 2014

DAVI MIRANDA: "se sair da Deus é Amor, vai morrer!



Por Willy Santos

O missionário Davi Miranda sempre foi polêmico, disso todo mundo sabe. Fundador da Igreja Pentecostal Deus é Amor à 52 ANOS, cujo logotipo é um arco-íris, sempre primou por costumes rígidos impostos à sua membresia e à pregação de cura divina, com a exibição de milhares de muletas e cadeiras de roda à retaguarda de suas fotos.

Seu RI (Regulamento Interno) é um compêndio radical, com cláusulas (regras) e orientações que beiram ao absurdo, como a que “permite que os membros tomem Coca-cola e comam pimenta”, ou, as irmãs “não utilizem salto com mais de 3 centímetros, só se depilem em caso de intervenção médica  e os homens sejam proibidos de usar bigode, sob penas disciplinares."
As linhas acima não tratam de desqualificar a denominação como uma igreja em que Deus não esteja presente ou usar de leviandade para com os muitos milagres verídicos operados visivelmente naquele meio, assim como não queremos ofender a todos quantos encontraram o Caminho na Igreja Deus é Amor.  Sabemos que existe grandes diferenças no quesito normas e costumes entre as ramificações denominacionais  cristãs evangélicas. E temos de respeitá-las.
O que nos chama a atenção, nos últimos dias, é que a Igreja Deus é Amor vem encolhendo em número de pontos em todo o país e fora dele, de modo que seu líder maior já aciona o sinal vermelho. E não é para menos: não há investimento na construção de templos (somente o Sede, no Bairro do Glicério, no complexo da antiga rede Mesbla), não há escolas teológicas ou investimento similar entre sua liderança, pouquíssimo investimento em missões ou formação de obreiros  para várias frentes (apesar de presente em 162 países), incentivo quase nulo voltado para as classes infantis e juvenis, nenhum aproveitamento da mídia televisiva para divulgação de trabalhos, pouca formação acadêmica secular entre seus membros, entre outras limitações que acabam interferindo em um crescimento significativo da denominação.
Para aqueles que gostam de espiritualizar tudo, lembremos que a igreja não é só um organismo, como corpo de Cristo, mas também uma organização que se utiliza de estrutura administrativa, jurídica, política, econômica e social (incluindo-se aí o acadêmica e cultural) e, na atual conjuntura contemporânea, precisa se reciclar com o tempo (modernizar-se estruturalmente).

Neste quesito, a denominação avançou pouco  e o resultado é um crescimento pífio e a debandada de milhares de seus membros para outras denominações, especialmente, para a Assembleia de Deus, tão hostilizada pela mesma.

Uma igreja não pode manter um povo interessado em frequentá-la por tanto tempo se não há investimento sério no entendimento das Doutrinas Bíblicas (que eles confundem com costumes) e na formação teológica de seus obreiros, trocando a educação cristã por revelações esdrúxulas, geralmente produzidas pela mente de crentes pouco afeitos às Escrituras ou curas divinas aos montes, com pouca comprovação dos resultados (salvo aquelas acontecidas nos idos dos anos 80 e 90 e poucas exceções hoje ).

Fora a sede mundial e umas poucas sedes regionais, grande parte das igrejas da IPDA são compostas por pequenos salões alugados e com não mais de que 50 membros, o que dificulta a “competição” com outras denominações com maior presença nas principais vias como a IURD e a IMPD, além de outras denominações pentecostais com grande presença nos bairros, como as Assembleias de Deus. Há outras razões do baixo crescimento experimentado nos últimos anos, como a rigidez doutrinária e de usos e costumes, escândalos envolvendo lideres máximos da Igreja, campanhas de cura e libertação adaptadas a partir da IPDA pelas igrejas neopentecostais e o não investimento em meios de comunicação de massa, como a televisão, como eu já disse anteriormente.
Agora, ouçam o vídeo abaixo

Com o sinal de alerta aceso, Davi Miranda mudou a estratégia para “segurar” seus membros: se antes o alarde de cura divina era o carro chefe para mantê-los sempre à busca de milagres, posto este ocupado atualmente pelo controverso Apóstolo Waldemiro Santiago da Igreja Mundial do Poder de Deus, agora o velho líder tenta mantê-los pelo medo.

Como assim?

Como disse o escritor, conferencista e pastor batista Ed René Kivtz  em uma de suas mensagens, há três formas de se MANTER ou ATRAIR o povo: pelo medo, pela culpa e pela ganância. Segundo o mesmo, comercializar religião é melhor que vender drogas: se o fiel não é pego de uma forma, é enredado de outra.  

Lideranças que usam deste expediente deixam bem claro que “existe um ser todo poderoso que tem poder para te abençoar e amaldiçoar.”
Segundo este raciocínio, usa-se recursos sugestivos, persuasivos e de neurolinguística para fazer os fiéis sentirem-se culpados diante deste “Deus terrível” ou, impõe-se o recurso do medo ,como por  exemplo, este utilizado por Davi Miranda: “vocês prometeram que nunca sairiam da Deus é a Amor, agora que estão saindo, vão morrer!”

Se o recurso da culpa e do medo não funcionar, apela-se para a ganância: o desejo de ter, possuir, em mundo consumista ; a mensagem de prosperidade para tirar “o miserável da sepultura financeira", afinal, se ele é filho de Deus, deve “possuir o melhor dessa terra.” Mas você tem de ir lá e “sacrificar” dando o “seu tudo”.

Usa-se o mecanismo da religião para manipular um povo simples e torná-lo escravo dos caprichos de uma liderança corrupta, nefasta e danosa. Usa-se o nome divino para, “em nome dele”, dizer que “o Espírito Santo me revelou isso e aquilo...”

Partindo dessa premissa, o missionário usa o expediente do medo, deixando claro, em suas palavras, que “você vai morrer com essa enfermidade, porque prometeu que não sairia da Deus é Amor ; vocês prometeram nunca deixar  este ministério e não cumpriram." 

"O Espírito Santo está me revelando agora que vocês que foram pra outro ministério vão morrer com essa enfermidade e em grande desespero."
"Se você não voltar, não muito depois desses dias, vai morrer." 
"O Espírito Santo não suporta tanta falsidade de gente que promete e não cumpre.”
Ele chega a citar o caso de Ananias e Safira (Atos 5. 1-11) para corroborar sua profecia de caráter duvidoso em uma comparação totalmente fora de nexo.

Se eu pudesse conjecturar uma reação divina, baseada no comportamento humano, enxergaria Deus colocando as duas mãos na cabeça e dizendo ao Espírito Santo “o que é que este camarada está dizendo em meu nome? Quem foi que lhe autorizou?”
E o Espírito da Verdade lhe diria : “tenha certeza de que não fui eu, ele está faltando com a verdade.”

E este trecho das asas de minha imaginação tem coerência com as Escrituras: não é este o papel do Espírito Santo e o Pai não pode aceitar atitude tão mesquinha.

Mesquinha porque a salvação em Cristo não está circunscrita à denominação “A” ou “B”, mas em um Reino Espiritual, real, factual. Quando recebemos à Cristo como Salvador de nossas almas, no atual contexto, temos a liberdade para escolher a casa onde vamos serví-lo, no propósito de comungar com outros irmãos, sermos instruídos por homens chamados por Deus e edificarmo-nos mutuamente. 

Se entendermos que nosso tempo em um lugar se findou, seja por ordem divina ou porque as Escrituras não estão sendo observadas, temos o livre arbítrio para escolher onde queremos e vamos congregar.
O importante é servirmos ao Senhor com sinceridade e integridade de vida, de acordo com as Doutrinas Bíblicas, sabendo que na cruz de Cristo toda a maldição foi apagada!

Imaginem, daqui para frente, se entre aqueles que saíram da denominação, surgir casos de doença e morte, comum a qualquer ser vivo.  Para aqueles de mente simplória e instrução limitada será a “profecia do profeta de Deus” se cumprindo na vida deles, os “desobedientes”. Terão de voltar às pressas, antes de partirem sem salvação, para se reconciliar, serem humilhados em alguma sanção disciplinar e utilizados como exemplo, a nível nacional, em sua programação de rádio.

Sim, como que robotizados eles darão entrevistas no ar que , arrependidos, estão voltando porque o “juízo de Deus” foi decretado sobre eles, numa clara “comprovação” de que o “profeta” estava certo.

Se há algo que aborrece a Deus é falar em seu nome sem que Ele tenha alguma participação naquilo que é dito. Desde o Antigo Testamento Deus já decretava seu juízo sobre os maus pastores (Jr. 23. 1-3 ; Is. 56.11 ; Jr. 50.6 ; Ez. 34.2, 3), quanto mais hoje na dispensação da Graça, quando o próprio Espírito Santo está dentro de nós, dando-nos discernimento à respeito da voz de dEle.

Quando o nome de Deus é usado de forma leviana, tendenciosa e bem articulada, as pessoas simples com pouca ou nenhuma instrução Bíblica são enganadas facilmente, atendendo ao apelo mentiroso. Isso é desonesto, repugnante e inaceitável.

Davi Miranda deveria, pelo tempo decorrido de ministério e experiências com Deus , tratar seu povo com honestidade, veracidade e equidade ; poderia, de forma sincera, identificar o real motivo de encolhimento de sua fileira denominacional e reformular seus métodos administrativos, regulamentais e espirituais no trato. 

Com humildade, derrubar o muro que o separa de outras lideranças e deixar a porta aberta para um fluxo com via de mão dupla, afinal, servimos a Deus e à igreja de forma voluntária e não ditatorial.

Mas antes deste muro separatista há outro muito mais alto e largo: o muro do orgulho, construído com tijolos de arrogância e alicerce de prepotência.  Não sei qual e como será o fim da jornada de Davi Miranda nesta terra, mas penso que, tanto ele quanto outros líderes, são “a cara” de sua denominação. Quando morrem, dificilmente a denominação sobrevive muito tempo ou ao menos, mantém-se sem separatismos e rachas aos montes.

O certo é que, se endeusado por minorias como o “Moisés” atual na terra (especialmente pelo contingente mais antigo), grande parte já anda descontente a muito tempo, especialmente os obreiros mais jovens que primam pelo estudo acadêmico e teológico, alvos de perseguições e ataques internos como “ a letra mata" e, "quem faz teologia, esfria na fé e se desvia”.


Que Deus tenha misericórdia dessa gente (e Ele tem), dando graça, sabedoria e coragem para que eles permaneçam firmes em Cristo e sejam guiados pelas verdades doutrinárias e não por devaneios humanos.

Família Miranda, em viagem internacional, com o pastor Davi Miranda Filho (o de bermuda e chinelo azul)), um dos líderes da IPDA. Eles podem usar bermudas?

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