segunda-feira, 10 de julho de 2023

ELIAS E SEU GRANDE DESAFIO


 

Textos: 1 Reis capítulos 17 e 18

Vamos resumir rapidamente a história de Elias nestes dois capítulos, para que possamos nos contextualizar. Para isso, vamos dividir nosso pensamento em 2 partes: a parte histórica e a outra parte, que é a parte prática, ou seja, desta mensagem, o que podemos aplicar em nossa vida.

No capítulo 17, por causa da idolatria que Acabe e Jezabel levaram para seu reinado, Elias se levanta e vaticina uma maldição àquelas terras: que não choveria em alguns anos e nem orvalho haveria. Posteriormente Deus manda que o profeta se retire e se esconda junto ao ribeiro de Querite, sustentado misteriosamete por corvos.

Depois, novamente o Senhor lhe dá uma ordem e ele é direcionado à Sarepta para a casa de uma viúva, onde realiza dois milagres: de multiplicação na vida material daquele lar e, posteriormente, quando o filho de sua anfitriã adoece e morre, o profeta o ressuscita.

Já no capítulo 18, o Senhor manda que Elias se apresente à Acabe em um momento em que a fome era extrema em Samaria, para informar ao rei que, agora, voltaria a chover. Jezabel perseguia implacavelmente os profetas do Senhor e um mordomo do reinado, temente à Deus, chamado Obadias, escondeu cem dos profetas em uma caverna e os mantinham sustentados com pão e água.

Este mesmo mordomo se dirige ao rei Acabe a anuncia que Elias quer encontrá-lo. Elias lança um desafio a Acabe e pede que ele envie todos os profetas de Baal e Asera, juntamente com os filhos de Israel, ao monte Carmelo. Deveria ser construído dois altares: um para os deuses da nação local e outro ao Deus Jeová. Aquele que respondesse com fogo seria o deus verdadeiro. Após o fracasso do deus nacional responder à oração de seus profetas, conforme combinado, Elias faz um rápido pedido e o Deus Jeová envia fogo do céu e consome o holocausto no altar que o profeta do Senhor levantara.

Elias ordena que o povo lance mão de todos aqueles 850 profetas, desçam ao ribeiro de Quisom e ali os mate, o que aconteceu. Em seguida, conforme o seu dito sobre o tempo, uma grande chuva veio sobre Samaria.

O que podemos observar neste contexto?

Onri e seu filho Acabe foram reis muito perversos aos olhos de Deus. Menos de cinquenta anos depois de Onri ter subido ao poder, outro tomou o trono de Israel. Durante esse período, os famosos profetas, Elias e Eliseu, confrontaram o mal que viam, tanto no reino do Norte, como no do Sul; e Judá teve dois bons reis (Asa e Josafá), seguidos no  poder por reis perversos, influenciados por seus casamentos inter-raciais com a linhagem de Onri.

Aliás, vamos voltar a alguns versículos do capítulo 16 também? 

Vejam 1 Rs. 16.29 -33

E Acabe, filho de Onri, começou a reinar sobre Israel no ano trigésimo oitavo de Asa, rei de Judá; e reinou Acabe, filho de Onri, sobre Israel, em Samaria, vinte e dois anos.
E fez Acabe, filho de Onri, o que era mau aos olhos do Senhor, mais do que todos os que foram antes dele.
E sucedeu que (como se fora pouco andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate) ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi e serviu a Baal, e o adorou.
E levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria.
Também Acabe fez um ídolo; de modo que Acabe fez muito mais para irritar ao Senhor Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele.

Esse casamento do filho de Onri com a filha de Etabaal pode ter sido arranjado por Onri devido à razões políticas. A presença de Jezabel trouxe apoio oficial, na nação de Israel, à adoração à Baal.

Baal, significa “senhor” ou “marido”. Baal era um deus da tempestade, uma divindade dominante da religião cananéia. Ele era considerado providencial por enviar chuvas e fertilidade à terra, semeando assim a vida.

Jezabel, a esposa de Acabe, era da cidade fenícia de Tiro, onde seu pai fora sumo sacerdote e, depois, rei. Jezabel adorava o deus Baal. Para agradá-la, Acabe edificou um templo e um altar a Baal promovendo assim a idolatria, levando toda a nação ao pecado.

1 Rs 17. 1-7. = No cenário triste e decadente aparece Elias e seu ministério. Deus enviou o profeta Elias para confrontar Israel, o reino do Norte, quanto à sua idolatria. Elias realizou muitos milagres em nome de Deus, demonstrando o poder de Deus sobre a natureza e outros deuses. Elias era uma pessoa complexa, o que se pode perceber, tanto pela sua corajosa confiança em Deus no confronto do Monte Carmelo, como também em suas crises de desespero, ao pensar que ele era o único que servia a Deus. Ele foi uma luz brilhante de Deus em um tempo sombrio.

1 Rs. 17. 1 - O nome deste profeta é Javé é Deus, ou, o Senhor é Deus. O nome de Elias corresponde ao tema de seu ministério, o Senhor é Deus e não existe outro. Elias foi o principal profeta de Javé quando Acabe e Jezabel estavam promovendo a adoração a Baal em Israel. É de se estranhar que nada se nos conta do passado deste profeta, nem de sua família.

Vejam que ele é chamado de Tesbita, então é provável que ele tenha nascido em uma cidade chamada Tisbe ou Tisbé. Pelo menos é o que conta a tradição, de que havia essa pequena cidade naquela área, perto do Vau de Jaboque. Também aí no versículo aparece Gileade, uma área de extensão indefinida a leste do Rio Jordão. Ele era tesbita, mas morava em Gileade, uma área de poucos moradores, além do Jordão.

Vejam que o profeta vaticina uma maldição contra aquele reinado: “nem orvalho e nem chuva haverá”

Por que Deus decretou aquela seca?  Era pra punir Jezabel pelo seu crime contra os profetas que ela exterminara quase totalmente? Ou foi um castigo para levar Acabe ao arrependimento?

Por que a maldição não foi outra? Lepra coletiva...uma outra epidemia...terra engolindo gente, alguma praga parecida com aquelas do Egito? Porque chuva e, consequentemente, seca?

Lembra quem era Baal? Era considerado o senhor da chuva, da fertilidade e da saúde da terra em produzir frutos. Então o Deus e Senhor iria usar o profeta para dizer que Baal não era nada...não passava de uma imagem feita por mãos humanas e não tinha poder nenhum.

O culto a Baal seria infrutífero, inútil e sem propósito, já que as oferendas dirigidas a ele, assim como seu culto, não teriam efeito. A capacidade de Baal em controlar a natureza seria questionada.

E Elias disse mais: “segundo a minha palavra”.

Que intimidade com Deus, confiança e fé! Essa seca iria demonstrar ao povo de Israel que eles estavam desviados de quem era o verdadeiro Deus.

1 Rs. 17. 3 – Torrente de Querite – Tecnicamente, a torrente naquelas bandas seria um pequeno córrego que apresentava correnteza somente em épocas de chuva. Devia se localizar em lugar deserto para que Acabe não encontrasse o profeta.

Vamos para o versículo 4 de 1 Rs. 17:

“Ordenei aos corvos que te sustentem”: embora Elias estivesse no deserto, o Senhor podia provar para ele da mesma forma como fizera em favor da nação de Israel, séculos antes, durante o êxodo no Egito (Ex. 16.4-36), quando Deus enviou o maná e carne onde não havia nada. Ironicamente Israel estava na terra prometida, mas esqueceram-se de quem a sustentava.

1 Rs. 17. 6 – Esta alimentação milagrosa que o profeta Elias recebeu durante sua permanência naquela terra isolada é o primeiro dos muitos milagres que se mencionam em conexão com seu ministério. Nesse mesmo capítulo aparecem mais dois, v 15 e v 22. Outros sinais seguiam-se, tanto durante as atividades proféticas de Elias, como durante as do seu sucessor Eliseu.

Por que tantos milagres? 1) O estado da grave crise moral em Israel provocou a necessidade de manifestações excepcionais do poder divino. 2) Tais milagres eram as credenciais daqueles dois profetas (ver vs 24). 3) Considerando o terrível desafio que teria de enfrentar no monte Carmelo, Elias precisava robustecer a fé que Deus lhe concedera, saturando a sua vida de milagres.

 1 Rs. 18. 17 – Acabe via Elias como um perturbador da ordem, uma ameaça ao funcionamento normal da sociedade. Sua compreensão era superficial. O pecador nunca reconhece que é ele mesmo quem perturba o seu próprio íntimo, sua própria saúde e seu próprio ambiente social. Sempre culpa a quem lhe desperta a consciência.. É por isso que a psicologia pagã, vendo as pessoas perturbadas por um senso de culpa, admite abolir toda a moralidade, julgando que com a ausência da lei oral, o pecado jamais preocuparia, uma vez que o ilícito passaria a ser lícito. Mas sendo Deus justo e o homem pecador, tal inversão seria uma aberração moral. O próprio Deus nos deu o senso divino de realidade do pecado e o escape eterno para dele nos libertar – a vida e a morte de seu próprio filho, Jesus Cristo, como nosso Salvador

1 Rs. 18.18 Seguistes os baalins – A palavra hebraica Ba’al quer dizer “dono”, “senhor” e “marido”. No paganismo de Canaã, era nome coletivo para expressar várias idéias que o povo fazia, das divindades da natureza, que seriam os protetores de certas regiões de bosques e montanhas. Alguns consideram-no deus das chuvas, outros, deus do fogo. Gradualmente o nome se tornou um nome próprio, o Baal, o “grande” deus da fertilidade, e produção agrícola, adorado pelos canaanitas e pelos seus sucessores, os fenícios. Esta adoração incluía os piores abusos sexuais e o sacrifício de vidas infantis (Jr. 9.5). Jezabel, filha de um sacerdote-rei de Tiro, era a grande incentivadora do restabelecimento do culto de Baal na Palestina, tendo conseguido tal progresso no assunto que provocara o desafio público e decisivo do profeta Elias.

1 Rs. 18. 19 Que comem da mesa de Jezabel – Esses profetas falsos eram sustentados pelo Estado. Acabe trouxe 850 profetas pagãos ao Monte Carmelo, para competir em inteligência e poder, com Elias. Os reis perversos odiavam os profetas de Deus, porque estes se pronunciavam contra o pecado e a idolatria, e minavam seu controle sobre o povo. Com o respaldo dos ímpios reis, surgiram muitos profetas pagãos para contradizer as palavras dos profetas de Deus. Mas Elias mostrou ao povo que pronunciar uma profecia não era suficiente. Era necessário o poder do Deus vivo para cumprí-la.

Elias desafiou o povo a assumir uma posição – a seguir quem fosse o verdadeiro Deus. Por que tantas pessoas hesitavam entre duas escolhas? Talvez algumas não tivessem certeza. Muitas sabiam que o Senhor era Deus, mas gostavam dos prazerem pecaminosos e outros benefícios que resultavam de seguir Acabe e sua adoração idólatra. É importante assumir uma posição a favor do Senhor. Se apenas acompanharmos o que é agradável. E aí descobriremos que estávamos adorando um falso deus – nós mesmos.

1 Rs 18. 24 – Visto que os seguidores de Baal acreditavam que Baal controlava o trovão, o relâmpago e as tempestades, o desafio de Elias atingiu o âmago desse poder alegado

1 Rs. 18.26 Manquejando se movimentavam ao redor do altar – Os profetas de Baal se envolveram numa dança ritual para despertar o indiferente Baal. Era uma parte do ritual pagão em voga naquela época. Os falsos profetas caminhavam ao redor do altar, ajoelhando-se a cada passo, fazendo uso alternado dos joelhos.

1 R. 18.27 – Os mitos de Baal retratam-no viajando, guerreando, visitando o submundo e, até mesmo morrendo e voltando à vida. Elias sabia acerca dessas crenças e aproveitou-se disso, zombando dos seguidores de Baal.

1 Rs. 18.29 – Os profetas de Baal “passado o meio-dia profetizaram” – e mesmo assim ninguém lhes respondeu. Seu deus estava em silêncio, porque não era verdadeiro. Os deuses que podemos ser tentados a seguir não são ídolos de madeira ou pedra, mas são igualmente falsos e perigosos, porque fazem com que confiemos em outras coisas ou pessoas, que não Deus. Poder, posição social, aparência ou posses materiais podem se tornar nossos deuses, se dedicarmos nossas vidas à eles. Mas quando chegarmos a momentos de crises e desesperadamente clamarmos a esses deuses, só há silêncio. Eles não podem oferecer respostas verdadeiras, nem orientação e nem sabedoria.

1 Rs. 18.31Doze pedras – Elias enfatizou a unidade do povo de Israel, apesar da divisão do reino em dois. Dessa forma, salientou que o fato ocorrido no monte Carmelo não era relevante somente para as tribos do Norte, mas para as tribos do Sul também. Ou seja, este ato é uma condenação simbólica e profética da divisão das tribos, todas elas pertencentes a Deus. A divisão do reino levara Acabe a fazer aliança com os pagãos. O altar que Elias restaurou teria sido, talvez, um centro de culto a Jeová, até os tempos de Acabe.

Outra coisa, essa denúncia silenciosa de Elias foi pra lembrar que o nome Israel foi dado às 12 tribos, e não somente à tribo do Norte.

1 Rs. 18.34,35 – Nota-se a calma sustentada pela fé do profeta, verdadeiro dom de Deus, que simplesmente deixa o Senhor agir em lugar da incapacidade humana. Vê-se como o profeta fez os preparativos, sem sequer sombra de dúvida da resposta divina, possuindo uma fé que, se necessário, poderia esperar horas sem temor e já sentindo o júbilo da vitória.

Nas coisas eternas, o esforço humano tem pouco valor, mas sim, a obra de Deus aceita pela fé.

1 Rs. 18.36-38 – Deus enviou fogo do céu por causa de Elias. Ele também nos ajudará a realizar o que ordenar que façamos. A prova pode não ser tão dramática em nossas vidas como foi na de Elias, mas Deus nos disponibilizará recursos de maneira criativa, para realizar seus propósitos. Ele nos dará sabedoria formarmos uma família abençoada, coragem para assumirmos uma posição em favor da verdade, ou os meios para ajudarmos alguém em necessidade. Como Elias podemos ter fé de que, o que quer que Deus nos ordene, Ele dará o que necessitamos para cumprir sua vontade.

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A ATRAÇÃO DOS ÍDOLOS

À primeira vista as vidas dos reis não fazem sentido. Como eles puderam cair na idolatria tão depressa, quando tinham a palavra de Deus (pelo menos parte dela!), profetas e o exemplo de Davi? Aqui etão algumas das razões da atração que os ídolos exercem:

ATRAÇÃO DOS ÍDOLOS

PARALELO MODERNO

PODER: O povo queria estar livre da autoridade de Deus e dos sacerdotes. Eles queriam que sua religião se encaixasse no seu modo de vida, e não que seu modo de vida se adequasse à sua religião

As pessoas não querem estar sujeitas a uma autoridade superior. Em vez de ter poder sobre os outros, Deus quer que tenhamos o poder do Espírito Santo para ajudar os outros.

PRAZER: A adoração de ídolos exaltava a sensualidade, sem responsabilidade ou culpa. As pessoas imitavam as personalidades perversas e sensuais dos deuses que adoravam, ganhando assim, aprovação para suas vidas desregradas

As pessoas endeusam o prazer, buscando-o à custa de todo o resto. Em vez de buscar o prazer que leva a desastres a longo prazo, Deus quer que busquemos o tipo de prazer que leva à recompensa a longo prazo.

PAIXÃO: A humanidade ficou reduzida a um nível pouco superior a dos animais. As pessoas não tinham que ser consideradas como indivíduos singulares, mas podiam ser exploradas sexualmente, politicamente e economicamente.

Como animais, as pessoas permitem que impulsos físicos e paixões as dominem. Em vez de expressar paixões que exploram outras pessoas, Deus quer que redirecionemos nossas paixões a áreas que edificam os outros.

#palavrapensada