sábado, 13 de julho de 2013

Aprendeu, Anderson Silva?


Por Willy Santos

Uma das coisas que mais se vê, no meio dos famosos são os acontecimentos inusitados que tiram do trivial a rotina da carreira de seus protagonistas. Traições, ciúmes, palavras mal ditas comportamentos de caráter duvidoso, relacionamentos polêmicos, enfim, coisas às vezes até "forçadas" para mantê-los em evidência nos noticiários midiáticos: um tipo de marketing pessoal. Desta vez, o protagonista famoso não fez nada que o desabonasse como pai de família e cidadão, eticamente falando. O inusitado desagradável aconteceu quando Anderson Silva, grande campeão, viu-se desabar, golpeado pelo excesso de auto confiança. 

Sobre a biografia de Anderson Silva, temos matéria farta na internet, sem dúvida, uma carreira brilhante, impecável e vencedora, até o dia desta luta. Acostumado a vencer, tendo conquistado êxito nos últimos 7 anos, Silva amargou uma situação nunca sentida antes: a vergonha da derrota.não dela em si, mas a forma infantil e inconsequente como tratou seu trabalho e, na presença de seu público, caiu diante de seu oponente, vaiado em alto e bom som.
Ele já tinha feito isso antes; abre a guarda, dança, ginga na frente dos adversários, expõe o rosto e sorri, desviando-se das tentativas de ser golpeado ; uma clara intenção de desestabilizar o desafiante emocionalmente, provocá-lo e mostrar seus dotes reflexivos. Desta vez a história mudou: depois de fazer toda aquela pataquada, menos lutar, e ainda pedir que o oponente lhe socasse, foi justamente isso que aconteceu: Weidman desferiu vários golpes no rosto de Silva que desabou no chão e, socado mais algumas vezes, agarrava-se às pernas do juiz, em um claro ato de desespero, que se não o salvasse, teria saído em uma ambulância.

Silva caiu, mas não derrubado pelo seu oponente ; tombou golpeado pela sua arrogância, espancado pela sua prepotência, atingido pelo descaso com que tratou conclave tão importante para ele e seus fãs. Desrespeitou seus limites e impôs a si próprio o risco de passar pelo que passou.
Este triste exemplo nos serve de lição em tudo na vida ; já dizia o sábio Salomão que "quando a soberba vem, sobrevém a desonra, mas com os humildes está a sabedoria" (Provérbios 11.2). 
Em outra fala, disse o mesmo sábio que "quando um homem experimenta a ruína, é porque antes dela veio a soberba e a altivez de espírito, que leva à queda" (Provérbios 16.18).

Quantos exemplos bíblicos nós temos que nos mostram que povos e nações inteiras foram arruinadas porque vestiram-se de orgulho e desdenharam de seu destino. Homens que podiam ter alcançado êxito mas pisaram nas oportunidades de marcarem seus nomes na galeria dos vencedores da história.
Quem não se lembra do célebre caso de alguém no transatlântico Titanic que, à bordo do maior encouraçado construído até então, disse: "este nem Deus afunda". Pouco mais de duas horas depois, batendo em um pedaço de água congelada, estava no fundo do mar com mais de 1700 passageiros. Quem não se recorda de ter lido ou ouvido o embate entre o pequeno Davi e o grande Golias que, desprezando aquele garoto, valia-se de seu tamanho, força, experiência e equipamentos bélico? Qual foi o fim da história? Uma pedra, colhida à beira de um ribeiro, acabou com a panca de um guerreiro que estribava-se em sua auto confiança exagerada.

Em tudo isso podemos tirar grandes lições para a nossa vida cotidiana; a de que todos somos limitados e substituíveis. O mundo não gira em torno de nós, nem de nosso público de admiradores ; aliás, nosso mundo seria monótono e medíocre se assim o fosse . Precisamos respeitar nossos limites de tempo, idade, conhecimento e força, mensurar a capacidade alheia e aprender lições que potencialize a nossa.
Certamente o que mais doeu em Anderson Silva não foram os golpes precisos de um oponente que não tomou conhecimento de sua fama e torcida: a dor que ainda lateja foi descobrir, naquele momento, que ele não é invencível e que sua atitude infantil frustrou milhares de pessoas que acreditam nele. O que ele não sabia é que Chris Weidman, um americano de 29 anos e com muito menos experiência, 13 anos mais novo, era formado em psicologia e o estudou por meses para derrotá-lo, não caindo na sua teia de provocações.

Depois disso, envergonhado, quis justificar o injustificável ao fim da luta,  e ouviu quase 10 minutos de vaias ininterruptas. Manifestou o desejo de abandonar os ringues mas, convencido pela cúpula esportiva, já sonha com uma revanche; assim, terá a oportunidade de mostrar que, com seriedade, se pode vencer.

Ele vai voltar diferente. As derrotas, em qualquer área de nossa vida, nos amadurece, faz crescer e refletir. Passamos a ponderar sobre nossos planejamentos e a entender que todos os detalhes são importantes, por mínimos que sejam. Silva saberá a hora de parar ; parar com dignidade, maturidade, humildade.

Se voltar a cair, que seja lutando lealmente, respeitosamente, diligentemente, como um verdadeiro campeão: nunca mais virando as costas para o adversário e desdenhando do inesperado

Anderson Silva aprendeu e ensinou algo importante a todos nós: errar uma vez é humano. Duas, burrice.


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